Matérias

Leia nesta edição:

1. Sistema de Monitoramento e Qualificação de Coleções Científicas: uma ferramenta para acelerar o cadastro de novas coleções científicas na Rede PPBio
2. Como é conservado o acervo de coleções do PPBio?
3. PPBio realiza expedição à Terra do Meio




Sistema de Monitoramento e Qualificação de Coleções Científicas: uma ferramenta para acelerar o cadastro de novas coleções científicas na Rede PPBio
Em 2010, o acervo de coleções da Rede PPBio Amazônia Oriental contará com o uma ferramenta que vai acelerar o cadastro de novas coleções na plataforma COBio: o Sistema de Monitoramento e Qualificação de Coleções Científicas está em fase de elaboração e será implantado ainda esse ano.
As coleções científicas são fundamentais para a constituição dos inventários dos núcleos de pesquisa da Rede PPBio Amazônia Oriental. Elas contribuem para a maior rapidez no andamento de coleta de dados sobre espécies pesquisadas, dados esses que são de grande importância para a construção de políticas públicas que propiciem a conservação da biodiversidade amazônica.  Em 2010, o sistema de coleta de dados para o acervo de coleções da Rede PPBio e do Museu Paraense Emílio Goeldi vai passar por mudanças, a fim de proporcionar a melhoria no cadastramento de coleções científicas no inventário do museu.
A novidade é o Sistema de Monitoramento e Qualificação das Coleções Científicas, que ainda neste semestre será implantado na Plataforma COBio. O coordenador do componente coleções e do núcleo executor da Rede PPBio Amazônia Oriental, Alexandre Bragio Bonaldo, pretende com essa nova ferramenta atender à demanda de dados de novas coleções para o PPBio e para o MPEG.
Por meio do Sistema de Monitoramento e Qualificação de Coleções Científicas, é possível que haja o cadastramento de coleções científicas pelos próprios curadores da Rede PPBio. Após o cadastro, será possível a postagem de novos dados sobre as coleções de forma padronizada, o que vai permitir à coordenação saber o andamento do crescimento da coleção (não só em matéria de número de peças e tipos incorporados anualmente, mas também dando a possibilidade de haver comparações entre as coleções).
Com a disponibilização da plataforma online para o cadastro de novas coleções e atualização de dados pelos curadores, a coleta de dados a serem utilizados na realização de novas pesquisas será feita de forma mais fácil, e haverá o compartilhamento de dados entre os curadores (pois apenas cada curador conhece os dados de sua coleção).  Os dados que serão postados na plataforma COBio serão monitorados pela coordenação deste componente da Rede PPBio, tais quais o crescimento do acervo, qualificação, uso, quantas vezes o acervo foi acessado pra produção de conhecimento, número de empréstimos, de publicações que utilizaram o acervo para consultas, teses, dissertações, e os dados essenciais, tais como o número de peças tombadas, o número de tipos incorporados anualmente, a média de crescimento por coleção, etc.
O desenvolvimento do Sistema de Monitoramento está a cargo dos núcleos de biogeoinformática da Rede PPBio Amazônia Oriental, os quais trabalham com o objetivo de organizar esses dados, para que eles estejam disponíveis entre os curadores de todos os núcleos regionais. Além da plataforma COBio, os núcleos de biogeoinformática são responsáveis pelo desenvolvimento do Herbarium Online e a disponibilização de dados das coleções científicas para a sociedade em geral.
Por meio do Sistema de Monitoramento e Qualificação das Coleções Cientificas, haverá o maior compartilhamento entre as informações e os dados serão organizados mais facilmente, acelerando o andamento de várias pesquisas. Com esse sistema, a Rede PPBio Amazônia Oriental avança rumo à sua consolidação no cenário da pesquisa em biodiversidade no Brasil e no mundo.  
Como é conservado o acervo de coleções do PPBio?
O coordenador de coleções do PPBio Amazônia Oriental, Alexandre Bonaldo, fala sobre as principais medidas para a conservação do acervo de coleções científicas da Rede.
Em maio deste ano, um incêndio destruiu grande parte do acervo de coleções do Instituto Butantã, em São Paulo. No Museu Paraense Emílio Goeldi – MPEG houve um acidente semelhante, mas com pouca gravidade. Um curto-circuito no prédio da entomologia resultou em um princípio de incêndio que logo foi controlado. Os dois acidentes deixaram a diretoria do Museu Goeldi e a coordenação do PPBio em estado de alerta, pois as coleções científicas são elementos fundamentais para a pesquisa em biodiversidade.
O coordenador de coleções do PPBio Amazônia Oriental, Dr. Alexandre Bonaldo, em entrevista concedida para o Boletim PPBio, apontou algumas medidas que precisam ser tomadas em relação à segurança do acervo de coleções que fica localizado no Campus de Pesquisa do MPEG. Segundo Bonaldo, que também é presidente da Comissão dos Curadores do Museu Goeldi, o sistema elétrico do MPEG está defasado, os armários em que as coleções estão guardadas são de madeira e não há um sistema de contenção de incêndios, fatores que deixam o acervo de coleções vulnerável a acidentes.
“O que temos feito no PPBio e em outros projetos associados à Rede é tentar melhorar a estrutura de pesquisa. Já investimos em torno de R$600 mil em compactação de acervos e aquisição de equipamentos pra pesquisa. O que falta agora é um sistema de prevenção à incêndios”, afirma Bonaldo. O Museu Goeldi conta com a estrutura mínima para contenção de incêndios exigida pelo Corpo de Bombeiros (hidrantes e extintores), porém, ainda não existe um sistema de prevenção para esse tipo de acidente.
O primeiro passo então, seria uma nova reforma do sistema elétrico do Campus de Pesquisa. A última ocorreu em 2005, em todos os prédios, com exceção do prédio onde fica localizado o laboratório de Aracnídeos, por falta de recursos financeiros. Com a reforma, princípios de incêndio como o que ocorreu em março seriam evitados.
Além da reforma no sistema elétrico, seria necessário um sistema de detecção e contenção de incêndios, que não utilize água, já que a maioria das coleções está em estado seco, e a água destruiria o acervo do mesmo modo que o fogo. “É preciso um sistema que injeta um gás dentro do acervo. Esse gás retira o oxigênio e a combustão acaba. Há um projeto do Fundo de Infra-Estrutura da FINEP, o CTInfra,  que vai destinar  R$ 1.600.000,00 para a aquisição desses equipamentos de detecção e contenção de incêndios. Isso, ao que parece, é uma resposta a esse incêndio que ocorreu no prédio da entomologia.”
A compactação do acervo em armários de aço também é uma medida de contenção de incêndios. A maioria das coleções do MPEG é mantida em armários de madeira, o que facilita a propagação de fogo. A substituição desses armários está sendo realizada aos poucos, pois é difícil achar editais que contemplem a aquisição desses equipamentos.
Para conservar um acervo de coleções tão vasto como o do Museu Goeldi, é necessário que se tome medidas de segurança em todas as escalas, a fim de evitar acidentes como os que ocorreram no Instituto Butantã, que tem seu acervo de coleções utilizado como base para pesquisas no país e no mundo inteiro.
“A gente precisa mostrar a verdadeira importância das coleções pra pesquisa em biodiversidade, então uma maneira prática de fazer isso é doar as coleções” afirma Alexandre Bonaldo. O Museu Goeldi atualmente lidera o processo de busca de apoio para a recuperação do acervo do Butantã, e já fez várias doações para as coleções científicas do Instituto, que, como um órgão da Secretaria de Saúde, precisa reforçar a pesquisa no acervo de coleções para assim trabalhar no desenvolvimento de vacinas para a população.